
Uma pesquisa recente alerta para o potencial aumento das infecções fúngicas fatais devido às mudanças climáticas.
Esses fungos, que matam milhões de pessoas anualmente, podem expandir significativamente suas áreas de propagação, colocando a saúde global em risco.
A ameaça, que ganhou visibilidade com a série “The Last of Us”, está mais próxima da realidade do que se imagina.
Fungos que matam milhões
Os fungos causadores de infecções já matam cerca de 2,5 milhões de pessoas por ano, um número que pode ser ainda maior devido à falta de dados.
Esses organismos estão presentes em todos os ambientes, desde solos até águas, e desempenham um papel importante nos ecossistemas.
No entanto, também são responsáveis por doenças graves e até fatais, como a aspergilose, uma infecção pulmonar provocada por fungos do gênero Aspergillus.
Uma nova pesquisa da Universidade de Manchester, utilizando simulações computacionais e previsões climáticas, revela que o Aspergillus e outros fungos se espalharão para novas regiões à medida que o clima global aquece.
As áreas mais afetadas incluem partes da América do Norte, Europa, China e Rússia.
A relação entre fungos e mudanças climáticas
Com o aquecimento global, as espécies de Aspergillus que preferem climas tropicais poderão expandir seu alcance em até 16%, atingindo novas regiões do planeta.
O estudo prevê que o Aspergillus flavus, uma espécie resistente a muitos medicamentos antifúngicos, se espalhará especialmente para o norte, em direção ao Polo Norte, até 2100, expondo milhões de pessoas a essa ameaça.
Estima-se que a propagação do fungo na Europa possa aumentar em até 77,5%.
Além de expandir seu território, o aumento das temperaturas pode tornar esses fungos mais resistentes ao calor, permitindo que sobrevivam melhor dentro do corpo humano.
Isso, combinado com eventos climáticos extremos, como secas e enchentes, ajudará a espalhar esporos de fungos por grandes distâncias, aumentando ainda mais o risco de infecções.
O impacto das infecções fúngicas
Embora a aspergilose não afete a maioria das pessoas, ela representa um grande risco para aqueles com sistema imunológico comprometido, como pacientes com câncer ou doenças pulmonares crônicas.
O fungo pode ser fatal, com taxas de mortalidade entre 20% e 40%, e é difícil de diagnosticar devido aos sintomas semelhantes aos de outras doenças respiratórias, como febre e tosse.
Além disso, os fungos têm se tornado cada vez mais resistentes aos tratamentos, o que torna o combate às infecções ainda mais difícil.
A resistência aos antifúngicos está crescendo, com apenas quatro classes de medicamentos antifúngicos disponíveis atualmente.
O desconhecimento sobre as infecções fúngicas
Apesar da gravidade da aspergilose e de outras infecções fúngicas, elas ainda são pouco estudadas em comparação com doenças causadas por vírus, bactérias e parasitas.
Há uma grande lacuna de dados sobre a prevalência dessas doenças, o que dificulta a luta contra elas.
A pesquisa de Justin Remais, da UC Berkeley, revela que o número de casos de aspergilose está aumentando 5% ao ano, o que é um sinal alarmante para a saúde pública.
Conclusão
A ameaça dos fungos, como o Aspergillus, está crescendo à medida que o clima global esquenta.
Embora a ideia de uma pandemia fúngica como a de “The Last of Us” seja ficção, a realidade é que esses organismos estão se tornando cada vez mais comuns e perigosos.
O aumento das infecções fúngicas, a resistência aos tratamentos e a falta de conhecimento sobre como enfrentá-las são motivos de preocupação, e é urgente que mais pesquisas e estratégias de combate sejam desenvolvidas.