
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, revelou o interesse dos Estados Unidos em adquirir energia produzida na hidrelétrica de Itaipu, especialmente do excedente paraguaio, para alimentar projetos de inteligência artificial.
Essa movimentação pode dificultar as negociações entre Brasil e Paraguai sobre o novo acordo do “Anexo C” de Itaipu.
Interesse dos EUA na energia de Itaipu
Em sessão no Senado americano, Marco Rubio destacou que o avanço tecnológico, principalmente em inteligência artificial, vai demandar mais energia do que a produção global atual.
Ele apontou o Paraguai como um país com excedente energético, fruto do acordo com o Brasil que recentemente expirou.
Segundo Rubio, os Estados Unidos querem estar na mesa de negociações para explorar essa energia.
“Eles não podem colocar a energia num tanque e transportar pelo mar. Então alguém esperto precisa ir ao Paraguai e abrir uma instalação de IA”, afirmou, sugerindo que o país norte-americano tem interesse direto em se beneficiar do excedente paraguaio.
Impacto nas negociações Brasil-Paraguai
Especialistas do setor elétrico veem essa estratégia americana como um fator complicador para o Brasil, que negocia com o Paraguai os termos do “Anexo C”, que regula o uso do excedente energético da usina.
Luiz Eduardo Barata, ex-diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), explicou que essa movimentação aumenta o poder de barganha do Paraguai.
“O Paraguai não tem hoje muitas cartas na manga e passa a ter”, disse Barata à CNN, indicando que a entrada dos EUA na jogada pode dificultar o diálogo bilateral.
O contexto do Anexo C de Itaipu
A produção da hidrelétrica é dividida igualmente entre Brasil e Paraguai, mas o Paraguai tradicionalmente vendia o excedente para o Brasil.
Com o fim do acordo em 2023, os dois países vinham negociando um novo Anexo C, que deveria ser firmado até maio de 2025.
No entanto, a diplomacia entre os vizinhos sofreu abalos recentes, principalmente após a suspeita de invasão hacker da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em órgãos do governo paraguaio, o que travou as conversas sobre o novo acordo.
Conclusão
O interesse dos Estados Unidos em energia de Itaipu adiciona uma nova camada de complexidade às negociações entre Brasil e Paraguai.
Em meio a desafios diplomáticos e estratégicos, o futuro do acordo sobre o excedente energético da hidrelétrica segue incerto, enquanto as grandes potências se movimentam para garantir seu lugar na mesa.