
A Azul Linhas Aéreas anunciou nesta quarta-feira (28) que entrou com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, uma medida que visa reorganizar as finanças da companhia após o impacto da pandemia.
A decisão colocou um freio em possíveis fusões com a Gol e foi seguida por uma queda de 40% nos ADRs da Azul na Bolsa de Nova York, refletindo a incerteza gerada pelo processo.
O pedido de recuperação judicial e seus motivos
Em entrevista à Reuters, o CEO da Azul, John Rodgerson, afirmou que a companhia enfrentou um alto endividamento devido à pandemia, mas agora vê uma oportunidade de limpar o balanço da empresa.
“Tínhamos muitas dívidas no balanço, principalmente devido à Covid. Agora temos a oportunidade de limpar tudo”, disse Rodgerson.
O pedido de recuperação judicial coloca a Azul na mesma trajetória de outras companhias aéreas latino-americanas, como a Aeroméxico e a Avianca, que também enfrentaram grandes dificuldades financeiras após a crise sanitária.
Acordos financeiros e o futuro da Azul
Para dar suporte à reestruturação, a Azul firmou acordos com seus principais parceiros financeiros, incluindo os detentores de títulos de dívida, a arrendadora de aeronaves AerCap e as companhias aéreas parceiras United Airlines e American Airlines.
Esses acordos incluem um financiamento de US$ 1,6 bilhão, a eliminação de mais de US$ 2 bilhões em dívidas e um adicional de até US$ 950 milhões em financiamento por meio de equity.
A Azul acredita que conseguirá concluir a reestruturação ainda este ano, com Rodgerson destacando a importância de entrar e sair do processo rapidamente.
Desafios enfrentados pela Azul
A Azul já vinha tentando reestruturar seu balanço desde o ano passado, com um acordo que eliminou US$ 550 milhões em dívidas em troca de uma participação acionária de 20%.
No entanto, problemas na cadeia de suprimentos, o atraso nas entregas de aeronaves e a desvalorização do real, que elevou os custos da empresa, continuaram a pressionar a companhia.
“O que eu costumava pagar em juros em 2019 aumentou 10 vezes com uma moeda 50% mais fraca”, afirmou Rodgerson.
Apoio financeiro e perspectivas para a companhia
A Azul garantiu um financiamento do tipo DIP (Debtor-in-Possession) de US$ 1,6 bilhão, que será utilizado para pagar parte da dívida existente e fornecer aproximadamente US$ 670 milhões em capital novo.
A companhia ainda planeja levantar até US$ 650 milhões por meio de uma oferta de direitos de ações, com apoio dos parceiros financeiros e um investimento adicional de até US$ 300 milhões pela United American.
Conclusão
A decisão da Azul de buscar recuperação judicial reflete a necessidade de limpar um balanço afetado pela pandemia e garantir uma base sólida para o futuro.
Com o apoio financeiro dos seus parceiros e um plano de reestruturação em andamento, a companhia aérea tem a oportunidade de superar a crise e voltar a crescer, com uma gestão focada em reequilibrar suas finanças antes do final do ano.